domingo, 6 de novembro de 2016

O silêncio que dói e liberta.




O silêncio do Pai não significa a ausência dEle, ainda que por muitos momentos pareçam caminhar juntos. O escuro nem sempre é a ausência de Deus, pode ser apenas mais uma das táticas do Senhor para aguçar nossos sentidos, aqueles que Ele ama, aqueles que nos levam ao exercício da fé. Não ouvir muitas vezes não é sinônimo de que estou distante, as vezes estou falando, falando tão alto que os sussurros que Ele dá em meio às nossas conversas passam despercebidos.

Saber que Ele é o Deus soberano traz paz em meio aos dias frios de incertezas, por isso é preciso lembrar e relembrar (eu tenho sérios problemas de esquecimento) quem Ele é e como facilita quando estamos cercados de pessoas que fazem isto através das conversas, do dia-a-dia.

O coração agitado pelo foco errado é só um coração inquieto e ansioso e Deus condena esse tipo de coração, mas um coração que canaliza a agitação para conhecer o Deus do propósito, faz o deserto, o silencio, a escuridão valerem a pena, porque me levam ao crescimento, ao entendimento de que TUDO acontece para o meu bem, e o meu bem está sempre relacionado a me tornar mais semelhante a Jesus.

Como é difícil canalizar todos os sentimentos que o silêncio traz em benefício do meu crescimento espiritual, mas através graça o Espírito Santo me conduz a isto quando dou espaço. E somente um Deus extremamente cuidadoso se importaria em deixar alguém que pudesse me consolar quando as lágrimas chegassem, que pudesse me frear quando o coração acelerasse de ansiedade pelo controle da minha vida. Somente um Deus que se importa com a minha dor, com as minhas preocupações poderia me capacitar a passar por cada uma delas certa que a vitória é garantida, porque o Seu próprio filho já venceu. E sempre é bom lembrar que a vitória não estar em conseguir o que eu quero, mas o que Ele quer, aquilo que vai trazer mais do céu para a terra.

A minha amnésia espiritual muitas vezes faz com que eu esqueça todo cuidado do Senhor comigo até aqui em detrimento dos dias difíceis, ainda que até mesmo nos dias difíceis se o meu foco estiver no lugar certo é possível enxergar amor, zelo e graça. Os dias difíceis tendem a fazer com que eu me alimente ainda mais das minhas dores e dê à elas uma dimensão maior e por consequência atenção indevida, porém quando coloco o meu foco no Alto ainda que doa passar pelos dias difíceis, eu me torno livre das minhas lamentações e auto piedade para me alimentar do melhor que este momento pode me proporcionar - aprendizado e experiência da fé na prática. 

Colocar o coração no lugar certo permite que o meu deserto sirva de ministério na vida de pessoas ao meu redor, permite influenciar pessoas a enxergarem que um coração grato é gerado pelo que eu já tenho – salvação – e não pelo que eu quero ter ou pelo que estou vivendo. Um coração no lugar certo ensina que a fé na prática não é tão linda quanto na poesia, que fé na prática dói, mas traz vida e traz o refrigério da certeza, me mostra que a fé é gerada pelo espírito, mas que requer um exercício diário do meu coração em confiar naquilo que não vejo.

Passar por dias complicados não me tornam melhor nem pior que qualquer pessoa que esteja vivendo dias bons, mas me ensina que basta cada dia o seu mal, cada tempo a sua dificuldade e que há um tempo para cada coisa. O pequeno barquinho da vida navega pelo oceano de graça, amor, compaixão e paz do Senhor e o vento que nos impulsiona a ir em frente vem do sopro de Deus, então ainda que as ondas sejam altas, fortes, violentas, os respingos sempre serão de graça, amor, compaixão e paz e o propósito das tempestades sempre serão produzir os atributos do Pai em mim.

Isto é um pouquinho do que tenho aprendido durante o escuro que tenho vivido com o Pai, as vezes Ele fala, as vezes eu falo demais, mas ao longo desse tempo – que como é escuro parece longo – Ele falou sobre isto comigo e achei que compartilhar com vocês seria interessante. Minha vida não é só cheia de momentos bons (quem dera), mas é bom passar pelos dias aparentemente ruins cercada por um Deus bom, que transforma minha dor em crescimento, restauração e ministração para a glória dEle.


Larissa F. Couto