quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Sobre ser esposa de pastor.



Muitas pessoas pediram para que eu escrevesse sobre ser esposa de pastor. Esse texto expressa as minhas experiências, situações que percebi durante esses 3 anos casada com um pastor. Provavelmente cada esposa tem um ponto a acrescentar ou retirar, devido à realidade que cada uma viveu. Tentei escrever de forma geral, não me aprofundei em nenhum ponto, apenas para mostrar a beleza, responsabilidade e a dificuldade que ser esposa de um pastor traz.

Ser esposa de pastor não me torna pastora. Ser esposa de pastor não me faz ter uma boa voz pra cantar (podia), não me faz tocar instrumentos e também não me torna apta a cuidar de crianças no kids (não tenho jeito com crianças), embora seja a expectativa da maioria. Sou casada com um pastor e não fiz seminário, isto não me torna menos espiritual que nenhuma outra esposa de pastor que tenha feito. Ser esposa de pastor não me torna uma grande teóloga.

Ser esposa de pastor não significa que estou casada com um santo, ele continua sendo pecador tanto quanto qualquer outro, logo, ser esposa de pastor não me torna mais santa que ninguém. Passamos por crises pessoais, em nosso casamento como qualquer outro casal, aprendemos em meio a tudo isso buscar refugio e auxilio no Senhor, mas em alguns aspectos ainda estamos em processo de aprendizado e permaneceremos assim até o fim.

Ser esposa de pastor é amar a segunda-feira. É ter uma rotina atípica, principalmente se você trabalha em outra área também. É não ter final de semana ou feriado de descanso. É ter a casa aberta para todos em qualquer horário, exercer a hospitalidade com pessoas que você não conhece, e talvez nem mesmo seu marido conheça, mas que precisam de lugar para ficar, um almoço ou jantar.

É lidar com as criticas do ministério, é aprender a ser crítica. É ser inegociável com os valores dados pelo Senhor, é descobrir na prática que o nosso chamado nos capacita a sermos e fazermos coisas inimagináveis e improváveis apenas pelo poder da graça. É buscar visão espiritual para entender a necessidade das pessoas, o coração delas, e ser verdadeiramente efetiva nas conversas e relacionamentos.

Ser esposa de pastor é ter o privilegio de cuidar daquele que cuida de muitos, ter a responsabilidade de pastorear o coração daquele que pastoreia a igreja. É descobrir em Deus como não se tornar resmungona devido as inúmeras ausências e como lidar com elas.

É encontrar estratégias para auxiliar no ministério sem comandar (isso é um desafio pra uma mandona como eu). É valorizar a liderança dele como homem do Senhor, sem deixa-lo esquecer que ele só é boca do Senhor se os joelhos estiverem dobrados. É dobrar os joelhos diariamente. É batalhar batalhas espirituais que não são nossas. É ter discernimento para saber que satanás tentará sempre me usar para atrapalhar o ministério que Deus tem nos dado. É se revestir de oração. É saber se resguardar, aprender a ouvir e descobrir que nossas dores são tratadas enquanto cuidamos das dores do outro.

Ser esposa de pastor é ter a responsabilidade de cuidar para que a nossa casa seja lugar de refúgio e descanso, entendendo que isto refletirá notoriamente no ministério. É viver o ministério de forma intensa. É descobrir que podemos viver o ministério sem necessariamente vivermos o Reino, se nosso coração estiver apenas no fazer e não no Propósito.

É saber que a igreja vai sugar seu marido e muitas vezes nos sentiremos negligentes em reservamos um tempo para nós como casal enquanto pessoas precisam dele, mas devemos nos lembrar e lembrar às pessoas que nosso principal ministério é a nossa família. Ser esposa de pastor é ter a sabedoria para auxilia-lo a priorizar o que é prioridade, porque a rotina do ministério tentará ocupar um lugar além do que lhe é devido.

Ser esposa de pastor é vivenciar na prática o cuidado do Deus provedor, provando do suprimento  físico, financeiro e espiritual vindos unicamente do Senhor. É aprender que a nossa raiz é no céu, é criar raízes eternas através de relacionamentos. É estar disponível para viver os sonhos de Deus de forma intensa e exclusiva. É aprender a amar a solitude. É apesar de muitas vezes vivermos a solitude, sermos privilegiadas por receber um olhar especial do Senhor, uma vez que decidimos cuidar de outros. É receber mimos, abraços e sorrisos, ser sustentada pela oração de muitos, é abençoar e ser abençoada por muitos.

Larissa Couto