quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

"A dor precisa ser sentida"


“A dor precisa ser sentida”, mas não alimentada. Existem momentos que machucam, pessoas que nos ferem, perdas que parecem irreparáveis; em meio a tudo isso a nossa alma geme de dor e parece que apenas nós a ouvimos.

Não é pecado sentir a dor, viver o luto (seja ele qual for). Grandes heróis da bíblia tiveram dias nebulosos, a alma deles experimentou a escuridão do desespero, do aparente vazio e abandono e em meio aos abismos de suas existências se depararam com a fonte de vida e cura.

Os desertos da alma não são sinônimos de um coração distante do Senhor, muitas vezes as cavernas são necessárias, silenciar o coração do mundo e buscar ouvir a voz do Eterno expõe e cura feridas profundas, talvez encobertas pela rotina ou pela “necessidade” de atender as expectativas.

Os vales não são lugares de habitação, mas de passagem, eles fazem parte da jornada, são componentes de um processo maior que está
sendo gerado em nós por intermédio dEle. Os vales sombrios não são sinal de abandono, mas de proteção em meio ao inevitável caos de uma sociedade corrompida. Existe uma unção sobre aqueles que escolhem enxergar vida onde aparentemente existe morte. Viver o sobrenatural de Deus é para aqueles que tem coragem de olhar com olhos da fé além do que as circunstancias indicam, caminhar com os pés em direção ao Alto, independente das curvas perigosas e dos precipícios.

Entender que todas – são todas mesmo - as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8:28) permite passar pelos desertos da alma com a certeza que Ele está no controle. O bem produzido em nós vem de um coração perseverante em meio as tormentas. A fé e a perseverança possibilitam permanecer com o coração na certeza que o caráter do Senhor é esculpido em nós através das perdas e frustrações.

Ter o coração submerso na Eternidade faz com que as dores e perdas deste mundo sejam apenas respingos de algo passageiro que produz frutos eternos. A forma como você se posiciona em meio aos processos são determinantes para sua maturidade. A fé te faz permanecer de pé em meio as torrentes de frustrações, afinal não são as dores limitadoras da alegria e paz, Ele é. Cristo é a fonte inesgotável de misericórdia, que jorra incansavelmente a cada manhã sobre a sua vida (Lm. 3:22-23).

Não se alimente das dores por maiores que elas sejam, saiba que existe o colo de um Pai Amoroso disponível a você, disposto a te trazer consolo. Também não fuja dos desertos, os encare pela força que há nEle, saiba que Ele é o maior interessado em te ver aprovado no final deste processo. Ele não te abandonou. Pare de tentar por você mesma, recorra a Ele, só Ele consegue carregar o seu peso.


Larissa F. Couto

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

IDENTIDADE.



Quem você é? Constantemente faço essa pergunta para mim mesma, dificilmente tenho uma resposta certa e igual em todas elas. Agora eu te pergunto, quando você não é esposa, não é a profissional, quando não é mãe, filha, irmã, quando você não é aquilo que faz na igreja, o que sobra?

Tenho descoberto que mais importante do que as folhas são as raízes. No decorrer do ano/vida as folhas nem sempre estiveram/estão verdes, fixadas ao galho e gerando frutos. A vida é feita de estações e quando o inverno chegar, são as raízes que te firmarão em meio aos ventos fortes e temporais, porém raramente nos preocupamos de fato com elas.

A manutenção de quem nós somos é mais profunda do que está exposto. Existe algo mais importante por trás daquilo que você faz e do lugar que você ocupa, existe algo mais profundo que precisa ser resgatado e redefinido. Sua IDENTIDADE. Sem todos os adicionais que “ser alguém” traz. VOCÊ. Sem corresponder ao que esperam, sem cumprir obrigações, necessidades, sem expectativas.

Muitas vezes o contexto não te permite ser você mesma, fazer o que realmente gosta, não fazer o que incomoda. Talvez, em meio a tantas demandas, você nem saiba quem é quando não está exercendo alguma de suas funções (mãe, esposa, filha, profissional). A necessidade de fazer o que precisa ser feito, muitas vezes rouba a essência do propósito, o “realizar” sem estar alinhado com o desejo de trazer glória e graça através da SUA vida, de quem VOCÊ É de fato, te impedem de ouvir dEle quais as perspectivas que Ele tem a seu respeito em cada área da sua vida.

A rotina, o pecado, as dores, frustrações, as expectativas em lugares errados roubam a nossa personalidade original. Somos essencialmente filhos, peregrinos e noivas, mas temos permitido que circunstancias distorçam a nossa visão de nós mesmos pela valorização de tudo que não produz verdade.

A nossa capacidade em criar ídolos deturpa a essência da nossa identidade em Cristo, através de discursos que inflam o ego através de palavras que engrandecem o poder feminino independente de Cristo ou a facilidade de não tratarmos com responsabilidade e empenho as coisas “secundárias” por sermos peregrinos neste mundo.

Não saber quem realmente você é ou se enxergar de forma equivocada impede que você seja por inteiro, distorce a forma de olhar o outro e à Deus. Os seus erros e pecados não definem sua identidade, as suas decepções, alegrias e conquistas também não. A sua identidade é redefinida pelo sangue de Jesus que torna nova todas as coisas, restabelece através de uma nova ótica a forma de viver, de se entregar e se aceitar. Sem narcisismo, sem alimentar o “eu” ou desmerece-lo. Cristo é o único capaz de coloca-la exatamente onde você deve estar, te trazer a essência de ser filha, regenerada. A entrega e a intimidade com Deus levam à uma revelação de quem você é. A medida que você caminha em direção à Ele, a sua identidade é restituída, reafirmada e se torna evidente.

Somente nEle você vai descobrir quem realmente é. Livre dos estereótipos, dos cargos, das marcas. Você foi criada de forma maravilhosa para cumprir um proposito único, os olhos dEle te enxergaram antes mesmo de você existir, Ele conhece as palavras ainda não ditas pela sua boca e ainda assim Ele insiste em te usar, em te amar.


Há algo de extraordinário em ser você, simplesmente por ter sido gerada no coração de Deus. O criador e sustentador do universo, também segura o teu coração. A voz que criou o mundo, sussurra todos os dias o quão amada você é, não para alimentar um amor centralizado em você, mas nEle, porque Ele é exatamente isto que Ele é, amor.

O caminho para retornar a origem da sua personalidade está em Cristo, é nEle que o processo acontece. É através dEle que os sentimentos e desejos legítimos são filtrados. A descoberta da identidade é uma longa jornada, nem sempre fácil, um pouco dolorida, mas libertadora e de cura. Ouse se descobrir no Senhor, ouse ser inteira! Minha oração é para que em meio à uma realidade de incertezas possamos nos tornar cada vez mais certas de quem somos nEle, em meio à superficialidade  e as demandas da vida possamos ser inegociáveis com as verdades que definem quem somos e porque somos. Que sejamos filhas que sabem o seu valor e por isso se colocam de forma efetiva no meio onde vivem.

Larissa F. Couto

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

ESPOSA. De onde vem o seu poder?



A família faz parte do projeto do Senhor para a humanidade (Gn 2:18) – falei sobre isto no texto anterior – porém, não somos preparadas para ocuparmos o papel de esposa, não somos ensinadas à sermos virtuosas a fim de edificarmos nossa casa de forma prática. Existe uma enorme responsabilidade em ser esposa e a maioria das mulheres desconsideram a necessidade de se preparar de forma espiritual, se atentando apenas para as atividades domesticas ou/e a carreira profissional.

Desconstruir a ideia de independência, não por incapacidade, mas pela capacidade de perceber a necessidade de romper o egoísmo e dividir sonhos, planos, dinheiro e até a cama foi um dos maiores desafios do casamento.

Tenho me forçado incansavelmente para descobrir o meu papel como esposa, conhecer o poder que há em saber o meu lugar e ocupa-lo em todas as suas esferas. Me tornar notável não pelo que o mundo vê, mas pelo que produz frutos Eternos, por cumprir com aquilo que fui criada. A busca incansável pela notoriedade através daquilo que é desnecessário e inútil, torna a caminhada cada vez mais fútil e frustrada.

Fomos criadas para sermos virtuosas, esta palavra significa “força, capacidade, coragem e dignidade”, logo, não somos preteridas, muito menos incapazes. Existe algo sobrenatural quando mulheres assumem seus papeis na família, quando entendem que o seu valor não vem do sexo, do trabalho ou dos filhos, mas em se tornar submissa à vontade dEle, quando a ideia de submissão deixa de diminuí-la e passa a trazer dignidade ao seu coração e que ser auxiliadora do seu marido a coloca na nobre posição de ser como Deus é para o seu povo (Sl 54:4).

A condição de auxiliadora capacita a mulher a trazer crescimento ou arruinar a sua família na mesma proporção e força. O Espirito Santo é o manancial de virtudes que corre dentro de nós, é por meio de um relacionamento diário e intenso que permitimos que estas virtudes sejam evidenciadas no lugar das nossas falhas, é através do temor ao Senhor que nos tornamos sábias, aptas à edificarmos nossa casa.  

A virtude da mulher de Provérbios vem de uma vida de devoção, entrega genuína do coração, da mente e do tempo. Ela não tem preguiça, Deus é o seu folego, o seu sustentador, ela consegue cuidar da casa, dos filhos, ser atenciosa e cuidadosa com o seu marido, os negócios (carreira) sem negligenciar o primordial, seu relacionamento com Deus, por entender que a partir dEle que todas as outras coisas são geradas.

Você será uma mulher virtuosa quando Deus for o centro de tudo, quando reconhecer que a beleza emana de um coração piedoso e que a sua força vem quando você está fraca. Quando você entender que todo seu potencial só se tornará eternamente frutífero se colocados à disposição do Senhor. Ser esposa, mãe e profissional com excelência só é possível se Ele for o auxiliador do coração. A vulnerabilidade da mulher vem quando ela deixa de priorizar a palavra de Deus e decide caminhar segundo a sua capacidade e desejos.



Larissa F. Couto